"Educação, Educação, Educação!"
(“Education, education, education!” - This text was written in a way to
ease comprehensive electronic translations)
Klaus
H. G. Rehfeldt
“Educação, educação, educação!” Foi essa a resposta de Tony
Blair, primeiro ministro da Gran Bretanha quando foi perguntado sobre as
prioridades de seu país. Isso em 1997, numa época sem internet, sem smartphone, sem google, sem home office, sem...
O Brasil, desgraçada e
lamentavelmente, há décadas não consegue sair dos últimos lugares das análises
anuais do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) da OCDE
(Organização para a Cooperação de Desenvolvimento Econômico). Acomodação, falta
de foco em prioridades, políticas de educação arcaicas e outras incompetências
colocaram e mantiveram o Brasil na rabeira das nações em questões de educação. Estamos
estagnados nos desacertos da educação do século XX. Enquanto o mundo avançou,
desenvolvendo novas estratégias e reformulando objetivos do ensino,
acomodamo-nos no lado dos perdedores, restritos a disputas ideológicas.
Causas e efeitos dessa
precariedade eram, e continuam sendo de caráter nacional. Essa lamentável
situação perpetua-se e é protegida devido ao altíssimo custo de importar
conhecimento mais aprimorado de países de tecnologia de ponta. Por outro lado,
exportamos boa parte do pouco conhecimento de excelência que produzimos por falta
de competitividade no mercado de trabalho internacional.
Há tempo evidenciam-se novos
rumos no campo da educação e do ensino. O mundo digital, libertando o homem do
trabalho monótono, repetitivo e complementar às máquinas para a aplicação da
magnitude de sus capacidades, exige novos paradigmas educacionais. Outros
países trabalham em reformas fundamentais nessa área, procurando respostas e
adequações às demandas de preparo do cidadão do século XXI. Tristemente, as
nações que mais precisam, ou ainda não acordaram, ou lhes falta estrutura. Resta-lhes
copiar as experiências bem-sucedidas dos outros.
De repente, a pandemia do novo
coronavírus contribui para evidenciar necessidades e dar novos impulsos a
ideias e projetos em lenta progressão.
Já há bastante tempo, antigas visões de
variantes de home schooling, ou da
prática do trabalho em home office,
entre outros padrões de vida, vêm sendo experimentadas e aprimoradas, mas a
pandemia deu um ímpeto inesperado e significativo à criação de novos cenários.
Especialmente essa modalidade de trabalho – sem perspectivas de volta ao
passado. Mas as consequências da ampliação dessa forma de trabalho não se limitarão
a aspectos de espaço físico, demográficos ou de mobilidade se vistas pelo
prisma restrito às fronteiras nacionais.
Especialmente com relação ao
mundo do trabalho, seria uma absoluta ingenuidade ou miopia. O mundo é uma vila
global. Com a atual interconectividade universal em tempo real, o mundo virtual
ignora fronteiras. O home office pode
estar situado na mesma cidade da empresa, em qualquer canto do país, mas também
na Argentina, nos Estados Unidos, na Alemanha ou no Japão. E não se contrata a
pessoa, contrata-se o conhecimento para a realização de uma tarefa (com eventuais
brechas fiscais). Com isso, a competitividade no mercado de trabalho deixa de
ser local e passa a ser global. Se uma empresa brasileira, por exemplo,
necessitar de um engenheiro de energias para elaboração de seus projetos e não
encontrar um profissional à altura de suas expectativas no mercado de trabalho
nacional, poderá facilmente contratar essa prestação de serviço em qualquer
parte do mundo, sem precisar deslocar esse profissional para suas instalações
físicas, ou seja, a um custo substancialmente inferior.
Na verdade, trata-se de uma
nova variante de uma prática já tradicional de outsourcing de trabalhos de baixa qualificação para mercados de
baixo custo da mão de obra como, por exemplo, a transferência de inúmeros call centers operando em inglês para a
Índia (ou de alemão para Blumenau).
Há anos, países como a
Finlândia ou a Coreia do Sul estudam e estão implantando reformas radicais no
ensino, visando o preparo do aluno para o trabalho do futuro. Enquanto no
Brasil o aluno de ensino superior ganha uma ou duas apostilas por semestre, lá
o programa pode prever a leitura de um livro por semana. Em vez de estudar a
vida sexual dos protozoários, aprende-se a refletir e raciocinar; não se busca
capacidade de memória, mas inteligência criativa.
Mesmo que tivéssemos na gaveta
uma reforma de ensino pronta para introdução, levaria mais oito a dez anos para
aparecerem os primeiros frutos. Enquanto isso, nossos bacharéis em direito
trabalham de frentista em postos de gasolina e as reais qualificações deixam o
país em busca de melhores condições de trabalho e financeiras.
“Educação, educação, educação!”
P.S.: O Ministério da Educação do Brasil deixou de utilizar quase
20% de sua dotação orçamentaria em 2020!
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